ASN MT Atualização
Compartilhe

Pesquisa – Maturidade digital é essencial para as empresas

Levantamento do Sebrae MT revela um ambiente ainda bastante contraditório no Estado
Por Assessoria Sebrae/MT - Rita Comini
ASN MT Atualização
Compartilhe

Usar ferramentas digitais e estar presente no universo online é essencial para qualquer empresa, independente do porte. A máxima “quem não é visto, não é lembrado” nunca ficou tão em evidência. Porém, no mundo digital não basta se mostrar, as empresas precisam desenvolver o que os especialistas chamam de maturidade digital. Ela é uma das condições essenciais para alcançar um bom posicionamento no mercado e seguir numa curva ascendente.

A analista técnica do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Mato Grosso (Sebrae MT), Valéria Ribeiro Calisto, destaca que a maturidade digital engloba vários aspectos, entre eles a tecnologia, equipamentos, sistemas, canais, etc, mas também recursos humanos com pessoas capacitadas para fazer a manutenção do conteúdo digital e o atendimento rápido, eficiente e preciso, como convém.

Por se tratar de um tema complexo e essencial, o Sebrae MT fez a pesquisa Maturidade Digital das MPEs Mato-grossenses, com o objetivo de identificar como empreendedores, empresários e suas equipes estão envolvidas nesse processo de maturidade digital e os principais usos da tecnologia. Foram feitas 1.054 entrevistas no período entre 21/12/2021 e 04/02/2022. Mais da metade das empresas pesquisadas são do setor de Serviços (52,85%).

Os resultados mostram um ambiente ainda bastante contraditório, avalia Valéria Ribeiro Calisto, da Gerência de Inteligência Estratégica, responsável pela pesquisa. Segundo ela, esse processo foi impulsionado pela pandemia da covid-19, por conta das restrições impostas para evitar a contaminação e disseminação da doença. “Quando houve a necessidade do distanciamento, as empresas tiveram que correr para se adaptar. Elas estão buscando a maturidade digital, mas ainda falta bastante a fazer. Muitas não têm as informações dos hábitos dos clientes armazenadas e assim perdem a oportunidade de usar esses dados de forma positiva para o negócio”, resume, acrescentando que há os que ainda não fazem a gestão digital ou não sabem como fazê-lo. Segundo ela, é preciso se capacitar e entrar de vez nesse mundo, sob pena de perecer.

Os dados da pesquisa mostram que 52,8% nunca fizeram nenhum tipo de curso sobre o assunto, enquanto 47,3% dizem já ter feito. Uma a cada três empresas entrevistadas não possui site ou Google Meu Negócio, sendo que das que têm o canal, muitas não utilizam.

A maioria das empresas pesquisadas (55,3%) não integra sistemas em uma base de dados unificada, sendo que destes 32,3% não possuem sistema ou não são integrados e 23% integram apenas parte dos sistemas.

44% das empresas pesquisadas recolhem informações e possuem um sistema CRM para coleta e armazenagem de dados a cada interação com cliente, em contrapartida 35,8% afirmam que não coletam e não armazenam dados.

Além disso, 49,4% das empresas pesquisadas não contratam serviços em nuvem (cloudcomputing), softwares, espaço de armazenamento de dados entre outros.

Dentre os empresários entrevistados 39,3% fazem tudo sozinho no que tange aos cuidados com o marketing digital da empresa; 23,9% tem uma agência (ou profissional de marketing) que cuida de tudo; 19,9% tem equipe de marketing para fazer o trabalho. E 16,9% não fazem marketing digital.

Mesmo a maioria possuindo perfil comercial em redes sociais como Instagram (29,61%) e Facebook (30,81%) e dizendo que as mantém atualizadas consistentemente, 48% não fazem ou nunca fizeram nenhum tipo de impulsionamento ou mesmo anúncio nesses canais, apenas 15,8% o fazem com frequência.

Vendas na rede

No que concerne à comercialização via canais digitais, 51,5% dizem estar preparadas e atualmente utilizam e tem estes canais digitais como fonte de sua maior demanda de vendas.

É o caso da Tugore, loja de vestuário feminino para festas e baladas, com matriz em Cuiabá, que apostou forte no mundo virtual e hoje faz 100% das vendas online. Uma das proprietárias, Marina Cândia Figueiredo, aponta que considera o site a terceira loja da grife e a mais importante delas. “Os pontos físicos são apenas um apoio para algumas clientes”.

Ela relembra que o primeiro investimento que fizeram no universo online foi em 2016, montando o site e fazendo o blog. No ano seguinte começaram a vender também pelas redes sociais e perceberam que se tivessem um site de vendas bem estruturado, que respondesse todas as perguntas das clientes teriam sucesso. Em 2018, fizeram um investimento alto no site e no quinto mês, o faturamento tinha tido um acréscimo de 15%.

Porém, em 2019 as vendas começaram a cair por conta do surgimento do mercado aluguel de roupas. Então criaram uma linha de produtos com preços mais em conta, porém veio a pandemia e passaram a não vender nada.

Hoje, o faturamento triplicou na comparação com 2020 e fazem um trabalho forte no site. “Estamos ‘ensinando’ a cliente a comprar sozinha”, descreve Marina, acrescentando que 70% das consumidoras da marca têm menos de 30 anos, ou seja, são bem familiarizadas com o e-commerce. “Elas sabem que se a roupa não der certo, não ficar boa, devolvem e recebem o dinheiro de volta. Existem clientes que compram mais de uma peça, provam, devolvem algumas e ficam apenas com as preferidas”, conta.

A empresária lembra que nas vendas online é fundamental ter um sistema de estoque eficiente. A Tugore despacha os pedidos no mesmo dia, quando a compra é feita em horário comercial, ou no dia seguinte em casos de compras noturnas.

Voltando aos resultados da pesquisa Maturidade Digital nas MPEs Mato-grossenses, a maioria das empresas entrevistadas na pesquisa entende que a inovação digital se enquadra nos objetivos estratégicos da empresa sendo que para 22,8% delas é um objetivo prioritário para os próximos anos e para 38,6% faz parte do plano estratégico da empresa.

Novas pesquisas

A Gerência de Inteligência Estratégica do Sebrae MT desenvolve uma série de pesquisas para conhecer melhor o universo dos micro e pequenos negócios e o comportamento dos empresários, empreendedores e consumidores.

Ao longo de 2022, estão programação mais de 10 pesquisas. A próxima será sobre inadimplência, mas estão no radar, levantamentos sobre educação empreendedora, sustentabilidade nos negócios, hábitos de consumo (2° edição), negócios na agricultura, perfil do jovem empresário, dores dos clientes do Sebrae MT (2° edição), entre outras.

  • inovação; tecnologia; transformação digital;