Canaã Recicláveis ressalta importância de receber resíduos já organizados para garantir qualidade do serviço e dos materiais
Separar corretamente o tipo de resíduo não é somente um ato de educação e consciência socioambiental. É fundamental para que até mesmo as grandes e estruturadas empresas de reciclagem consigam trabalhar de forma adequada e o processo seja concluído a contento. O que o senso comum talvez não saiba é que dividir o tipo de resíduo conforme suas características não apenas agiliza a recomposição, mas evita que haja contaminação e desperdício de materiais.
‘Além de eu trazer, ainda quer que eu separe?’ é o tipo de questionamento que Ayda Paula da Silva Neta Abrahão, diretora comercial da empresa Canaã Recicláveis, ouve constantemente de alguns clientes quando o assunto é descarte de materiais. Conhecedora dos desafios da profissão, Ayda mostra a outra face: “A conscientização da sociedade em separar seus recicláveis facilita e fortalece o nosso setor”.
Ao lado do marido, Rodrigo Crosara Abrahão, ela administra uma das maiores empresas do ramo em Mato Grosso. E ressalta que a conscientização da sociedade quanto à separação do lixo residencial, comercial e industrial é o que garante um serviço de qualidade. Também evita que as empresas de reciclagem continuem a ser confundidas como meros depósitos de lixo ou ‘puxadinhos de lixão’.
A empresa, inaugurada em 1998 em um barracão de 300m2 com uma prensa, um caminhão e uma empilhadeira, investe constantemente em inovação e na dinamização dos processos, visando o melhor resultado possível na ponta. Atualmente abrange sua atuação por todo o Estado e conta com um moderno sistema de logística, além de equipamentos de alta tecnologia. Ayda explica que a empresa disponibiliza um sistema onde o próprio fornecedor (cliente), acessa a nossa plataforma e vê em tempo real os relatórios de suas pesagens, gerando mais transparência e agilidade.
“Buscamos orientar nossos clientes para que manuseiem de forma correta os resíduos gerados e apresentamos opções no processo para que diminuam seus custos operacionais. Também acompanhamos e orientamos os nossos fornecedores sobre a importância de trabalhar de uma forma legal, ou seja, dar a destinação correta a todos os resíduos gerados por eles, conforme a legislação vigente”, acrescenta Ayda.
Por mês, a Canaã recolhe entre 600 e 1 mil toneladas de resíduos. Por atuar em um estado onde o agronegócio é o sustentáculo da economia, a empresa voltou o foco para os resíduos gerados em propriedades rurais. Para tanto, usa uma estrutura com caminhões e empilhadeiras para coletar os materiais. Ao chegar à base, os resíduos passam por uma segunda triagem e compactação (fardos).
Depois de formar uma carga do produto/resíduo, a Canaã contrata empresas de transportes e escoa a produção para fora de Mato Grosso. Todo este material, já separado e compactado, é levado aos grandes centros, onde funcionam empresas de reciclagem de grande porte. Nas indústrias, a carga é avaliada, o que torna o processo de triagem importante, pois há o risco de ser rejeitada nesta fase se houver dúvidas quanto à sua qualidade.
Licenciamento ambiental
A Canaã Recicláveis foi a primeira empresa do segmento a ser licenciada pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) em razão do zelo com o impacto ambiental resultante da atividade. Há mais de 20 anos, Ayda e Rodrigo foram ‘cobrados’ por um cliente a respeito do licenciamento e decidiram ir à caça dos documentos. A Sema, naquela época, informou-lhes que não era necessário licenciamento para empresas de reciclagem de baixo impacto, mas ainda assim a Canaã optou por oferecer mais essa segurança à clientela.
Além de ser sustentável do ponto de vista financeiro, a empresa reduz custos ao utilizar o sistema fotovoltaico para gerar energia elétrica e também reaproveitar a água da chuva para utilização nos sanitários e na limpeza do pátio.
“É prazeroso trabalhar nesse segmento, ser sustentável e ainda por cima, trazer benefícios para a sociedade, isso nos gera uma satisfação imensa, gostamos do que fazemos. E entendemos que o nosso negócio, além de gerar empregos, sustento para as nossas famílias e de todos que aqui trabalham, geram impostos ao nosso Estado e comodidade a nossa sociedade, isso é gratificante”.